quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Um mico no calçadão



Betânia Lopes

Finalzinho de agosto, a população já estava desiludida, pois até então a programação mais quente do ano ainda não acontecera, o arraial – É isso mesmo... Nossa festa junina, ou seria melhor agostina?  Isso não sei dizer, pois se não é, deveria ser. Mas o que importa é que apesar de tudo o grande dia chegara. A população estava eufórica, pois esse é considerado o evento do ano. O calçadão, um dos lugares mais visitados de nossa cidade, onde os amigos se encontram nos fins de tarde para uma caminhada ou até mesmo uma corrida, agora se encontrava repleto de bandeirinhas, e crianças correndo entre os adultos, seguindo o forte cheiro de pipoca que estava no ar.
Seu Zezé, um senhor já de idade, chega ao arraial e logo se dirige a banca de bebidas, onde se depara com um homem sentado em uma cadeira em frente a barraca,  na verdade parecia que fora jogado naquele lugar:
 - Deve estar embriagado. – Pensou Zezé
O homem usava um chapéu largo na cabeça, o qual cobria seu rosto por inteiro, usava roupa caipira e estava de braços cruzados. Seu Zezé ao vê-lo logo disse:
 - Licença senhor. Gostaria de uma bebida.
Porém não escutou nada em resposta.  Zezé fuzilou o sujeito com os olhos e repetiu:
 - Senhor, uma bebida por favor...
 Nada ainda.  Zezé resolveu então elevar a voz:
- Rapaz eu quero uma bebida, por favor.
E virou de costas esperando que buscasse sua bebida. Mas ao virar de encontro com ele, percebera que o sujeito nem se quer saiu do lugar.
Seu Zezé olhou para o rapaz e disse rangendo os dentes:
– Cara eu estou falando com você!! Levanta essa cabeça e olha pra mim! Você poderia buscar uma bebida ?
 O sujeito continuava na mesma. Não fazia ruído e não mexia nenhum músculo  Um casal de namorados passa por eles e começam a rir. Logo passam duas moças e uma cochicha com a outra:
- Ele é louco!
 Isso deixou seu Zezé mais entediado, agora todos estavam olhando pra ele e rindo. Seu Zezé disse com uma voz cortante ao sujeito:
- Senhor... Uma bebida, por favor!
Ao ver que o sujeito o ignorava por completo, e o deixou em uma situação de desconforto, pois todos os olhavam, disse barbaridades ao homem  e lhe deu um pontapé. Se assustando ao ver que o sujeito caia lentamente até se chocar contra o chão, revelando sua identidade, pois ele não se passava de um espantalho.  Seu Zezé viu todos aqueles olhos olhando em sua direção, e sentiu um enorme constrangimento. Pegou o chapéu do espantalho. O colocou na cabeça. Deu um leve sorriso as pessoas que o olhavam e saiu rapidamente dali.
                                                                                                    

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