Betânia Lopes
Finalzinho de agosto, a
população já estava desiludida, pois até então a programação mais quente do ano
ainda não acontecera, o arraial – É isso mesmo... Nossa festa junina, ou seria
melhor agostina? Isso não sei dizer,
pois se não é, deveria ser. Mas o que importa é que apesar de tudo o grande dia
chegara. A população estava eufórica, pois esse é considerado o evento do ano.
O calçadão, um dos lugares mais visitados de nossa cidade, onde os amigos se
encontram nos fins de tarde para uma caminhada ou até mesmo uma corrida, agora
se encontrava repleto de bandeirinhas, e crianças correndo entre os adultos,
seguindo o forte cheiro de pipoca que estava no ar.
Seu Zezé, um senhor já de
idade, chega ao arraial e logo se dirige a banca de bebidas, onde se depara com
um homem sentado em uma cadeira em frente a barraca, na verdade parecia que fora jogado naquele
lugar:
- Deve estar embriagado. – Pensou Zezé
O homem usava um chapéu
largo na cabeça, o qual cobria seu rosto por inteiro, usava roupa caipira e
estava de braços cruzados. Seu Zezé ao vê-lo logo disse:
- Licença senhor. Gostaria de uma bebida.
Porém não escutou nada em
resposta. Zezé fuzilou o sujeito com os
olhos e repetiu:
- Senhor, uma bebida por favor...
Nada ainda.
Zezé resolveu então elevar a voz:
- Rapaz eu quero uma bebida,
por favor.
E virou de costas esperando
que buscasse sua bebida. Mas ao virar de encontro com ele, percebera que o
sujeito nem se quer saiu do lugar.
Seu Zezé olhou para o rapaz
e disse rangendo os dentes:
– Cara eu estou falando com
você!! Levanta essa cabeça e olha pra mim! Você poderia buscar uma bebida ?
O sujeito continuava na mesma. Não fazia ruído
e não mexia nenhum músculo Um casal de namorados passa por eles e começam a rir.
Logo passam duas moças e uma cochicha com a outra:
- Ele é louco!
Isso deixou seu Zezé mais entediado, agora
todos estavam olhando pra ele e rindo. Seu Zezé disse com uma voz cortante ao
sujeito:
- Senhor... Uma bebida, por
favor!
Ao ver que o sujeito o ignorava por
completo, e o deixou em uma situação de desconforto, pois todos os olhavam,
disse barbaridades ao homem e lhe deu um
pontapé. Se assustando ao ver que o sujeito caia lentamente até se chocar
contra o chão, revelando sua identidade, pois ele não se passava de um
espantalho. Seu Zezé viu todos aqueles
olhos olhando em sua direção, e sentiu um enorme constrangimento. Pegou o
chapéu do espantalho. O colocou na cabeça. Deu um leve sorriso as pessoas que o
olhavam e saiu rapidamente dali.
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