NÃO ERA PRA
DAR CERTO
Seis e
quarenta de uma tarde de sábado. Céu nublado. Dia sem cor. Estava a uma quadra
de casa, quando veio como um raio a lembrança: - é hoje?!
Apertei o
passo e comecei a correr.
Era o dia do
casamento de minha irmã, no qual era madrinha, e não podia me ausentar em
hipótese alguma.
- como pude
esquecer... ?!
Quanto mais
corria parecia que mais distante ficava, acelerei e ... puff! Cai, machuquei a
perna e quebrei o salto. Continuei andando até chegar em casa mancando. Quando
procurei pela chave da casa – cadê? Não estava na bolsa... só podia ter caído
quando ocorreu o acidente. Voltei pelo trajeto e a encontrei. Ao chegar em casa
fui direto tomar banho, tinha que me apressar. Na metade do banho a água
acabou. – aff. Estava toda ensaboada. Depois na hora de me vestir, procurei por
minha blusa, a favorita. Revirei tudo, deixei a casa de pernas pro ar, e não
encontrei. Sentei na cadeira com a cabeça entre as mãos. Olhei pra frente.
Suspirei e avistei toda molhada no varal, o sangue ferveu na veia, mas me
contive.
Quando fui
vestir a calça, ela simplesmente não quis entrar, a usara na semana anterior, e
ela cabera perfeitamente, agora parecia que tinha vida própria. Deitei na cama
e a puxei.
- que sufoco!
Mas consegui. Fechei o zíper e abotoei. Ufa... levantei da cama e plafft!!! A
calça rasgou, tentei manter o equilíbrio estava “pé da vida”.
Enfim, terminei
de me arrumar, quando cheguei na porta pra sair, adivinha? Começa a chover.
Peguei meu guarda-chuva, e sai debaixo daquela tempestade. Antes de chegar na
primeira esquina deu um vento que virou meu guarda-chuva, ele havia quebrado.
Em um descuido meu o vento tira de minhas mãos e o leva consigo.
Agora estava
eu, debaixo daquela chuva, sem nenhum tipo de proteção, toda molhada. -So me
falta agora ser acertada por um raio. No mesmo instante ouço um trovão.
- É, devemos
tomar cuidado com as palavras.
Resolvi então de uma maneira precipitada apertada o
passo.
- Pra quê? Foi só fazer o ato e tibum!!! Cai
de bunda na lama. Essa nossa região norte! Essas ruas de Acrelândia!!!. Quando
chove e a água passa nas ruas sem revestimento, sem asfalto, é lama ao certo.
Me encontrava
agora toda molhada, suja... , mas estava determinada a ir, depois de tudo que
passei... simplesmente não podia desistir. Ao chegar na igreja parecia uma alma
penada, mas... havia algo de estranho, não havia ninguém ali.
- Tarde de mais? Não é possível!!!!
Tentei me
informar e descobri que a festa só seria no domingo... ... ataque nervoso em 5...4...3...2...1
puft! – Quem apagou a luz?
Poxa vida só me faltava essa, acabou energia!
Me encontrava em uma escuridão sem fim, quando ouço um barulho... Ghrumm – O
que foi isso? Ghrumm...Wouf! wouf! Me deparava agora com dois olhos brilhantes
– Aahhh! Um cachorro!!! Agora eu corria desesperadamente em meio a escuridão.
Ahh sim ... e com uma fera atrás de mim! Quando de repente Ploft! Bati a cara
no poste e tibum no chão – Ahaai, quem colocou esse poste aqui???
Minha situação
agora era lastimável. Meu objetivo? Chegar em casa viva.
Me levanto
toda lameada, pelo menos parou de chover, dói cada parte do corpo. A cabeça
pesa... e o cachorro? Vlump! O cachorro pula em cima de mim ... Slug, slug,
slug – Argh, que nojo, sai cachorro nojento! O cachorro me lambia
desenfreadamente, derrepente ... Xiiiiz – não acredito. Essa criatura maligna
passa a urinar em mim! Quando de repente ... Poomn! Vejo uma moto em alta
velocidade vindo em minha direção – Ops, não é uma moto ... é um ... caar ...
Pow!!!
É... não era
uma moto, era um carro com um dos faróis quebrado.
Perai? Porque
eu estou voando? E aquela luz? Será que eu ... ? eu só queria ir pra uma
festa...
- Ao menos
estou subindo, não sinto mais dor nenhuma... ai que alivio, posso voar! Mas
cadê minhas asas? Fiiiiiiiiiiiwh. Estou
caindo!!! Mas se estou morta pra onde vou?... Se não vou pro céu ... só
me resta... Ahh não!Adeus mundo cruel!!!Tic...Tic...Tic...Acordo assustada.
Sinto algo gélido e percebo que há uma goteira em cima de minha cama a qual me
chapisca o corpo todo. Ahh, que alívio. Tudo não passou de um sonho, um grande
pesadelo. É agora tenho que me levantar... Mas tarde tenho que ir...Bom melhor
não. Prefiro não arriscar.
Betânia Lopes